3º edição do Seminário “Pretas Acadêmicas: Pesquisadoras Pretas na Academia” promove a produção intelectual de mulheres negras
Por Felipe Reis, estudante de jornalismo e bolsista do NuCA/SIPAD
Entre os dias 30 de junho* e 1 de julho * aconteceu o 3º Seminário “Pretas Acadêmicas: Pesquisadoras Pretas na Academia” em formato presencial. O evento faz parte da programação do Julho das Pretas Paraná, desde 2019. É um espaço de socialização de pesquisas de estudantes e pesquisadoras pretas em diversos níveis de formação, incentivando a produção intelectual, acadêmica e ativista de mulheres negras.
No ano de 2020, devido à pandemia, a segunda edição do seminário foi realizada de forma remota, mas para este ano, as organizadoras decidiram retornar à realização presencial do evento. A mudança visa proporcionar um ambiente propício para a troca de conhecimentos, debates e networking entre os participantes.
O seminário busca contrapor a invisibilidade negra que ainda persiste na sociedade, além de conhecer e prestigiar o trabalho acadêmico de mulheres pretas tanto do Paraná quanto de outros estados brasileiros. Os temas pensados nas pesquisas englobam principalmente as relações étnico-raciais, e foram discutidos em dez Grupos de Trabalho (GT’s).
Estudantes e pesquisadoras que atuam nas áreas de humanas, sociais aplicadas, exatas, biológicas, de saúde, agrárias e tecnológicas são incentivadas a participar, independentemente da fase em que se encontram em seus projetos. O encorajamento acolhe trabalhos em fase inicial, em andamento ou com resultados concluídos, desde que sejam de autoria de mulheres negras.
Encontrar mulheres negras em um espaço de poder e conhecimento, como a universidade, nem sempre foi comum, seja na condição de acadêmicas ou professoras. No entanto, ocupar esse espaço como pesquisadoras, mulheres e negras é uma prova da existência e uma forma de resistência. Esse evento reforça a importância de se reunir em um ambiente que valorize a produção intelectual das mulheres negras, fortalecendo a luta contra o racismo e o epistemicídio.
O Pretas Acadêmicas criou um momento enriquecedor, em que mulheres negras se apoiam mutuamente, incentivam, colaboram, discutem e encorajam as pesquisas umas das outras. A potência desse coletivo se torna fundamental para que histórias sejam contadas e epistemologias diversas sejam produzidas, ocupando todos os espaços possíveis e legítimos.
Neste evento, as participantes reafirmaram seu protagonismo nas suas próprias vidas e na história do país. Demonstrando que as mulheres negras têm nomes e estão escrevendo suas trajetórias de forma empoderada, construindo um futuro mais justo e inclusivo.
Segundo a coordenação do seminário, nunca mais haverá nada sobre as mulheres negras sem a participação e voz delas próprias. “Este é o lema que guia o seminário, que reafirma a necessidade de resistência e avanço constante. A produção acadêmica e o aprimoramento do currículo dos estudantes e pesquisadoras pretas são elementos fundamentais para a construção de uma sociedade mais inclusiva e igualitária”.
O III Seminário Pretas Acadêmicos foi realizado em parceira com as seguintes entidades: Superintendência de Inclusão, Políticas afirmativas e Diversidade (SIPAD/UFPR); Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB/UFPR); Núcleo de Políticas de Comunicação, Acessibilidade Digital e Pedagógica (NuCA/SIPAD), Projeto de Extensão Comunicar Direitos (UFPR); Grupo de Pesquisa ErêYá/ UFPR; Rede de Mulheres Negras; Organização Julho das Pretas; Mandato Carol Dartora, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Programa de Pós-Graduação Tecnologia e Sociedade ( PPGTE/UTFPR) e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP Sindicato).
*Registro Fotográfico feito pela equipe de Comunicação da Rede de Mulheres Negras/Pr